sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Experiência de Emigração - CP

No final de 87, tive uma proposta de trabalho na Suíça, a qual me deixou um pouco indecisa, contudo acabei por aceitar uma vez que gosto muito de viajar, conhecer outras culturas, povos e línguas.
Recebi então um Bilhete-postal para comparecer na rua da Junqueira em Lisboa no dia 20 de Outubro de 1987, às 8h da manhã.
Como vivo no Nordeste transmontano, a viajem para Lisboa teve de ser iniciada no dia anterior, viajem essa feita numa carruagem com bancos de madeira puxados por uma máquina movida a carvão. Esta máquina levou-me até à Régua, onde de seguida apanhei outro comboio com direcção Lisboa para aí pernoitar.  
Na manhã do dia vinte, ao chegar ao local combinado, deparei-me com uma grande multidão de jovens carregando a sua bagagem e percebi todos tínhamos algo em comum.
Por ordem de chegada fomos chamados para exames médicos e posteriormente foi-nos entregue um passaporte e um bilhete para a viajem Portugal – Suíça. Então na tarde desse dia dirigimo-nos para a estação de Santa Apolónia, a fim de iniciar a longa viajem de dois dias. Foi sem dúvida uma experiência única. O comboio estava equipado com café, restaurante, quartos duplos com casas de banho privativas e uma sala de convívio. Assim foi possível aos mais de duzentos jovens ali presentes, trocar ideias, partilhar opiniões e inseguranças, visto que nenhum de nós sabia o que o esperava no destino.
Zurique. É certo que ao chegar a esta cidade me encantei com a sua beleza organização e limpeza, contudo também me deparei com algumas dificuldades tais como a linguagem, a alimentação, os costumes, a moeda, bem como aprender a trabalhar com pessoas de vários países e culturas diferentes.
Consegui ultrapassar tudo isto no final de algumas semanas de aprendizagem. O mais difícil foram as saudades da família, sentimento que não mostrava aos outros, trabalhar com um sorriso era a melhor solução. Os meus chefes e colegas acabaram por descobrir que aquele sentimento mexia muito comigo, no entanto foram sempre pessoas tolerantes para comigo. Para alem de respeitarem, faziam tudo o que estava ao seu alcance para que me sentisse feliz.
Várias vezes em datas especiais a chefe me levou a andar dar um passeio de Barco no lago ao longo de Zurique. Foi também a algumas festas Portuguesas, Italianas e Suíças.
Passaram 12 meses e voltei a Portugal. Não trouxe apenas alguns Francos para melhorar a situação financeira, trouxe sim  grandes amizades e valores isentos de preconceito e discriminação, valores estes que ainda hoje têm valor, porque se todos contribuirmos não há diferenças e temos um mundo mais humano, mais justo e sem fronteiras.



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